“Se falta a memória de Deus, tudo se nivela pelo eu, pelo meu
bem-estar.
A vida, o mundo, os outros perdem consistência, já não contam
para nada,
tudo se reduz a uma única dimensão: o ter.
Se perdemos a
memória de Deus, também nós mesmos perdemos consistência,
também nós nos
esvaziamos, perdemos o nosso rosto, como o rico do Evangelho!
Quem
corre atrás do nada, torna-se ele próprio nulidade – diz outro grande
profeta, Jeremias. Estamos feitos à imagem e semelhança de Deus, não das
coisas, nem dos ídolos!”
E lançando o olhar à extensa Praça de São Pedro, repleta de catequistas (entre os outros fiéis) o Papa perguntou-se:
“Quem é o catequista”?
É aquele que guarda a alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-lo nos outros.
É belo isto!”
É belo isto, prosseguiu o Papa, referindo-se a Nossa Senhora que, depois de ter recebido o anuncio do Anjo de que ia ser a mãe de Jesus, soube, de forma humilde e cheia de fé, fazer memória de Deus.
A fé contém a memória de Deus, da história de Deus connosco, do Deus que toma a iniciativa de salvar o homem - continuou o Papa, afirmando que “o catequista é precisamente um cristão que põe esta memória ao serviço do anuncio: não para dar nas vistas, nem para falar de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade. Falar e transmitir tudo o que Deus revelou, isto é a Doutrina, isto é a doutrina na sua totalidade, sem cortar, nem acrescentar”
Uma tarefa não fácil, a de guardar memória de Deus e despertá-lo na no coração dos outros, pois que isto compromete a vida toda –continuou o Papa, recordando que o próprio Catecismo não é senão memória de Deus, memória da sua acção na História, presença de Cristo na sua Palavra… e aqui o Papa dirigiu-se directamente aos catequistas:
“Amados catequistas pergunto-vos: Somos memória de Deus? Procedemos verdadeiramente como sentinelas que despertam nos outros a memória de Deus, que inflama o coração (…)? Que estrada seguir para não sermos pessoas “que vivem comodamente”, que põem a sua segurança em si mesmos e nas coisas, mas homens e mulheres da memória de Deus?”
Como resposta o Papa sugeriu as indicações dadas por São Paulo na sua carta a Timóteo e que podem caracterizar também o caminho do catequista, isto é: procurar a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. E rematou:
“O catequista é pessoa da memória de Deus, se tem uma relação constante, vital com Ele e com o próximo; se é pessoa de fé, que confia verdadeiramente em Deus e põe n’Ele a sua segurança; se é pessoa de caridade, de amor, que vê a todos como irmãos; se é “hypomoné”, pessoa de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as provas, os insucessos, com serenidade e esperança no Senhor; se é pessoa gentil, capaz de compreensão e de misericórdia”
2013-09-29 Rádio Vaticana
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